Um dos meus Hinos favoritos é o de número 171, cujo nome é “A Verdade O Que É?”. Na letra de sua música lê-se o seguinte:

A verdade o que é? É o supremo dom que é dado ao mortal desejar, procurai no abismo na treva e na luz, nas montanhas e vales o seu claro som, e grandeza ireis contemplar!

A verdade o que é? É o começo e fim, para ela limites não há, pois que tudo se acabe, a terra e o céu, sempre resta a verdade que é luz para mim, dom supremo da vida será!”

Faço um convite a todos que desejarem ler e participar deste blog: busquemos a verdade, onde quer que ela estiver.

Críticas, comentários e sugestões serão muito bem-vindos, desde que haja o devido respeito. Estou disponível para esclarecer quaisquer dúvidas que meus posts e/ou minhas traduções possam vir a suscitar.

Para quem desejar debater, conversar e tirar dúvidas, este é o e-mail do blog: averdadesud@hotmail.com.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ativo? Já Não Mais

Sim, sim: status atualizado para "inativo". Durante os meses que se passaram desde a última publicação no blog muitas coisas mudaram: para melhor ou para pior, o importante é que são mudanças. Muito necessárias, algumas, inclusive.

Não há como descrever a sensação de estar finalmente livre. Até que não foi tão complicado quanto achei que seria, não tão ruim também. Faz aproximadamente três meses que não ponho meus pés numa capela. Três longos meses sem a companhia das pessoas com as quais eu cresci. Três meses de uma decisão irrevogável baseada em fatos e realidade que me custou caro: certos confortos deixaram de existir, certezas foram para o espaço, e um novo começo que não é tão agradável assim. Parece que as coisas finalmente estão indo na direção que deveriam.

Pode parecer estranho para alguém de fora. Talvez realmente o seja. Como uma igreja consegue ter tanta influência sobre uma pessoa ou sobre um grupo? Como e de onde ela consegue tirar esse poder?

Comparar a igreja com uma seita de fanáticos iludidos e fracos demais para aceitar a realidade talvez não seja a melhor maneira de abordar a questão. Ela é uma organização um tanto complexa para reducionismos dessa estirpe. Contudo, é claro, posssui elementos e táticas de persuasão dignas de uma seita mileniarista (não negando suas origens): consegue ser ao mesmo tempo bela e terrível.

Dizer que só há coisas ruins na igreja é ignorar os fatos. Sim, existe fanatismo, existe misoginia e existe racismo: um tanto óbvio, diga-se de passagem. Entretanto, há uma noção de grupo, de povo, que é difícil de ser encontrada fora dela. Podem haver parecidas, ou até mesmo grupos mais coesos, mas a igreja proporciona algo que hoje parece estar cada vez mais raro: ela oferece um senso de comunidade e de família, de pertencimento e, ainda no pacote, oferece a pessoa uma visão além dela mesma, uma grande meta ou objetivo a ser alcançado com a ajuda de seus companheiros de fé.

Todos os fatores apelam fortemente a nossa própria essência: todos nós gostaríamos de fazer parte de um grande plano ou objetivo cósmico. A ideia de que talvez não haja sentido no universo, na vida, em tudo, é assustadora. Nosso cérebro não foi feito para pensar que não há sentido. Somos criaturas que buscam relações entre os fatos: foi assim que chegamos aqui, com nossa ciência e sociedade complexa.

Pense numa organização que poderia suprir todas as suas necessidades: pode te oferecer um senso de grupo, uma hierarquia, certezas sobre o universo, aversão ao que é de fora e um grande objetivo a ser buscado em conjunto com seus companheiros. A única exigência feita é a de que você deixe suas faculdades críticas lá fora e venha se aconchegar aqui dentro. Deixe de pensar, apenas um pouquinho, aceite sem questionar. Para muitos é um preço pequeno por tudo o que vem incluso no pacote.

Havia um tempo no qual eu aceitei essa proposta. Sabia que não deveria criticar, que não deveria ir muito a fundo. Racionalizava da seguinte forma: pode ser tudo mentira, Joseph pode ter sido apenas um golpista barato, mas a igreja é ótima e, afinal, se isso for verdade mesmo, pouco irá importar depois. Pensava que seria melhor viver a vida tirando algum sentido na igreja do que virar um niilista de marca maior, porque a igreja era todo o sentido que eu pensava haver no universo: caso isso fosse tirado, nada restaria.

A boa notícia é que eu não consegui manter essa racionalização por muito tempo. Nunca consegui deixar de procurar e conhecer. E quanto mais se procura e estuda sobre a igreja, bem, mais você fica atraído por isso. Não há como escapar da conclusão de que, sim, a igreja nada mais é do que a história de um golpe que deu certo.

Não é nada fácil deixar o conforto do grupo e as certezas sobre o mundo. Mas acho que não poderia viver sem contestar. Claro que isso vem a um alto custo: amigos se afastaram, as pessoas com quem você mais se importa te julgam como um apóstata rebelde, ou, na melhor das hipóteses, alguém que foi enganado pelo "mundo". A satisfação de ter vencido, de ter conseguido depois de tanto tempo se livrar das algemas dos dogmas e das certezas infantis é muito grande.

Prefiro viver minha vida reconhecendo que nunca saberei o suficiente, que nunca entenderei o suficiente, que jamais conseguirei entender o suficiente: que sempre poderei estar aprendendo muito mais do que realmente estou. Uma posição um tanto desconfortável, mas a única com a qual eu conseguiria viver. Não consigo aceitar que exista uma autoridade a que deva me curvar, um "supremo líder" a que deva satisfações, e muito menos aceitar que outro primata como eu possua conhecimentos sobre o criador do universo que eu não possua. Chame isso de arrogância se você quiser.