O Livro de Abraão, como atualmente publicado, inicia-se com o Facsímile n º 1, seguido de um texto, com Facsímile n º 2 inserido no meio do texto, e termina com o Facsímile n º 3. Porém, no papiro original - A Autorização da Respiração de Hor – o desenho de abertura conhecido como Facsímile n º 1 é seguido por texto, e termina com o desenho conhecido como Facsímile n º 3. O Facsímile n º 2 nunca fez parte deste livro, embora suas origens e a interpretação serão abordadas mais tarde.
Por enquanto, o Facsímile n º 3 foi será estudado. Sabe-se que este desenho é parte do mesmo rolo do Facsímile 1, porque, como o primeiro, ele inclui o nome do falecido "Osíris Or" - veja abaixo:
Facsímile 1 - Or, o justo
Facsímile 3 - Osíris Or, o justo
A porção final do papiro original foi perdida. Acredita-se que possivelmente algumas colunas de hieróglifos e o Facsímile 3 estariam nesta porção. Esta cena particular corresponderia ao capítulo 125 do antigo Livro dos Mortos dos egípcios e mostraria o falecido completando com sucesso sua jornada pós-vida.
Vejamos o Facsímile 3 e a comparação entre a interpretação de Joseph Smith e de egiptólogos:
| Joseph Smith | Egyptologistas [7][8][9][10][11] |
Comentário geral | Abraão raciocina sobre os princípios da Astronomia, na corte do rei.
| "Invocação (texto na linha inferior abaixo da ilustração): Ó deuses da necrópole, deuses das cavernas, deuses do sul, norte, oeste, leste, concedam salvação à Osiris Hor, o justo, nascido por Taikhibit". 1 |
1 | Abraão sentado no trono do Faraó, por cortesia do rei, com uma coroa na cabeça representando o Sacerdócio como emblema da grande Presidência no Céu; na mão leva o cetro de justiça e juízo.
| "A marca para Osiris (texto à direita da figura 1): Recitado por Osíris, o primeiro dos ocidentais, senhor de Abidos, o grande deus para todo o sempre." * |
2 | O rei Faraó, cujo nome é dado nos caracteres acima de sua cabeça.
| Esta figura não é apenas uma mulher ao invéz de um homem, mas é a deusa Isis, esposa de Osíris.
O objeto em sua mão é provavelmente um ankh (desenhado ligeiramente incorreto), que é o símbolo da vida e ressurreição.
Nas palavras acima da Figura 2 lê-se: " Isis, a grande, a mãe de Deus" .2 |
3 | Significa Abraão no Egito, como aparece também na figura 10 do fac-símile número 1.
| Na realidade, esta é simplesmente uma mesa com bebidas presente em todos os desenhos com figuras importantes de deuses. Note que ela também é encontrada no facsímile n º 2, as figuras 2 e 3, que também são deuses. |
4
| Príncipe de Faraó, Rei do Egito, como escrito acima da mão.
| Esta é uma mulher, e não um homem, e ela é a deusa Maat, a deusa da justiça - identificada pela pena em sua cabeça e a palavra acima de sua mão. Ela é a figura principal (figura 5) na presença de Osíris. No texto acima Maat lê-se: "Maat, a amante dos deuses" 3. |
5 | Sulem, um dos principais servos do rei, como representado pelos caracteres acima de sua mão.
| Como já mencionado, este é realmente o morto, vestindo o tradicional cone de gordura perfumada e a flor de lótus na cabeça. Os números acima da sua mão identificam-no como "Osiris Hor, justo para sempre" 4 |
6 | Olinla, escravo pertencente ao príncipe. Abraão está arrazoando sobre os princípios da astronomia na corte do rei
| Fiel ao seu ponto de vista do século 19, Joseph identificada a única pessoa negra no desenho como um escravo. No entanto, este personagem é Anubis, guia dos mortos, que está ali para auxiliar o falecido. Ele o ajuda a completar a jornada pós-vida, auxiliando-o no uso das magias que estavam contidos em seu livro do funeral. O desenho de Reuben Hedlock não é muito bom, talvez por causa dos danos do papiro original, mas Anubis é sempre negro, e sempre tem uma cabeça de chacal – pode-se perceber a orelha de cachorro no topo de sua cabeça.
Nas palavras acima de Anubis lê-se: "A recitação de Anubis, que protege, o primeiro da câmara de embalsamamento... 5 |
Acima | | No antigo Egito, as estrelas eram consideradas almas dos falecidos. Parece claro que nesta representação, estamos entrando na vida após a morte, e nos reunindo às as almas que entraram antes de nós. |
* As figuras de deuses da arte egípcia geralmente podem ser identificadas por seus cocares, bem como a escrita associada à figura. Claro que, às vezes apenas uma identificação visual pode ser um pouco complicada, pois os antigos egípcios tinham uma propensão para combinar os valores dos deuses, ou de mostrar o mesmo deus em diferentes aspectos. Mas, em geral, cada deus tem um cocar único que os identifica.
Neste caso, é óbvio que esta figura é Osiris, não só devido à escrita sobre ele, mas também devido à sua coroa Atef. A coroa Atef é uma combinação do "Hedjet" (a coroa branca do Alto Egito - figura 1 abaixo) e as penas vermelhas de Busíris, centro de culto de Osíris no Delta - figura 2 abaixo.
Figura 1 Figura 2
O escrito acima da Figura de Osíris afirma: "Recitado por Osíris, o primeiro dos ocidentais, senhor de Abidos, o grande deus para todo o sempre." 6
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Notas:
1. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 177
2. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 176. Also corroborating the identification of "Figure 2" as Isis, see Stephen E. Thompson, "Egyptology and the Book of Abraham", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Spring 1995, p. 145; also, Klaus Baer, "The Breathing Permit of Hor", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Autumn 1968, p. 126
3. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 176. Also corroborating the identification of "Figure 4" as Maat, see Stephen E. Thompson, "Egyptology and the Book of Abraham", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Spring 1995, p. 145; also, Klaus Baer, "The Breathing Permit of Hor", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Autumn 1968, p. 126
4. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 176. Also corroborating the identification of "Figure 5" as the deceased, Hôr, see Stephen E. Thompson, "Egyptology and the Book of Abraham", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Spring 1995, p. 145; also, Klaus Baer, "The Breathing Permit of Hor", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Autumn 1968, p. 126
5. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 177. Also corroborating the identification of "Figure 6"as Anubis, see Stephen E. Thompson, "Egyptology and the Book of Abraham", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Spring 1995, p. 145-146; also, Klaus Baer, "The Breathing Permit of Hor", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Autumn 1968, p. 126
6. Robert K. Ritner, "'The Breathing Permit of Hor' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near East Studies, 62 no. 3 (Sept. 2003), p. 176. Also corroborating the identification of "Figure 1" as Osiris, see Stephen E. Thompson, "Egyptology and the Book of Abraham", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Spring 1995, p. 145; also, Klaus Baer, "The Breathing Permit of Hor", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, Autumn 1968, p. 126
7. Stenhouse, Thomas B. H. (1878), The Rocky Mountain Saints: A Full and Complete History of the Mormons, New York: D. Appleton and Company, http://books.google.com/?id=UEgOAAAAIAAJ&printsec=titlepage&dq=the+rocky+mountain+saints+a+full+and+complete+history+of+the+mormons
, pp. 510–519
8. Parker, Richard A (August 1968), "The Joseph Smith Papyri: A Preliminary Report", Dialogue: A Journal of Mormon Thought, http://content.lib.utah.edu/cdm4/document.php?CISOROOT=/dialogue&CISOPTR=1659&REC=10, retrieved 2007-05-18 .p. 86 10. Explanations in this table are based on the observations of Egyptologists Theodule Deveria, Rhodes, John Gee, and Parker as indicated in the subsequent references.
11. Ritner, Robert K (July 2003), "'The Breathing Permit of Hôr' Among the Joseph Smith Papyri", Journal of Near Eastern Studies . pp. 176–177
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