Sempre procuro escrever algo que seja construtivo e útil para as pessoas que estão questiona
ndo o mormonismo, buscando a verdade. Pensan
do nisso, me lembrei da famosa alegoria de Platão.
Procurei lê-la novamente e compará-la com a nossa busca pela verdade, nossa jornada para descobrir a realidade do mormonismo.
Utilizarei nesse post o texto de
Marilena Chaui sobre o Mito da Caverna, contida no seu livro "
Convite à Filosofia".
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"Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa.
"Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas para a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos, porque estão no escuro e imobilizados.
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A caverna de Platão, gravura da Escola Francesa do séc. XVI |
"Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna.
"Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede do fundo da caverna, como num teatro de fantoches.
"Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que são transportadas nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
"Os prisioneiros se comunicam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são vozes das próprias sombras e não dos homens cujas imagens estão projetadas na parede; também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que esses homens carregam nos ombros são vozes de seres reais.
"Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se fossem libertados dessa condição de miséria?
"Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna.
"No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu copo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia dentro da caverna.
"Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento porque seus olhos conseguem ver pela primeira vez as coisas iluminadas.
"Seu primeiro impulso é o de retornar a caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna onde tudo lhe é familiar e conhecido.
"Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressas a ela.
"No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros prisioneiros, e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais e convencê-los a se libertarem também.
"Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Mas, quem sabe, alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade? "
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O que é a caverna? O mundo de aparências e mitos em que vivíamos.
O que são as sombras projetadas ao fundo? As coisas que percebemos e fomos levados a acreditar como verdadeiras.
Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença, nossa fé cega, nosso "testemunho".
Quem é o prisioneiro que sai e se liberta da caverna? A pessoa que descobre a verdade sobre o mormonismo.
O que é a luz do Sol? A luz da verdade.
O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade.
Qual o instrumento que nos liberta e com o qual nós desejamos libertar os outros prisioneiros? O conhecimento.
É incrível a aplicabilidade dessa alegoria, consigo me ver cada vez que leio o relato que a autora nos faz do sujeito que se liberta da caverna. A luz pode nos incomodar, nos fazer sofrer de início, mas ela nos faz bem, ela nos permite ver as coisas como elas são, e finalmente nos liberta. Meu desejo é que todos nós possamos deixar a caverna, mesmo que isso possa ser doloroso.
QUando li pela primeira vez a Alegoria da Caverna de Platão (foi na faculdade), tive a mesma impressão, ou seja, que eu precisava sair da caverna. Fui membro SUD por 13 anos e finalmente tive a coragem de enfrentar os obstáculos e poder ver a luz e não mais viver sob as sombras das coisas que nos eram impostas pelo mormonismo. A faculdade me ajudou a abrir os olhos. Ao estudar filosofia e história, meus pensamentos foram iluminados e pude perceber o quanto estava sendo enganada. Pesquisei muito até tomar minha decisão.
ResponderExcluirMuito interessante este post, com certeza milhões de pessoas vivem em cavernas , aprisionadas por doutrinas escravagistas de medo.
ResponderExcluirDoutrina , cada um deveria ter a sua própria , e viver em função dela. Nunca seguir as doutrinas de outros. Como seria um mundo melhor , livre de dogmas , invencionice, medos e escravidão.
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