Um dos meus Hinos favoritos é o de número 171, cujo nome é “A Verdade O Que É?”. Na letra de sua música lê-se o seguinte:

A verdade o que é? É o supremo dom que é dado ao mortal desejar, procurai no abismo na treva e na luz, nas montanhas e vales o seu claro som, e grandeza ireis contemplar!

A verdade o que é? É o começo e fim, para ela limites não há, pois que tudo se acabe, a terra e o céu, sempre resta a verdade que é luz para mim, dom supremo da vida será!”

Faço um convite a todos que desejarem ler e participar deste blog: busquemos a verdade, onde quer que ela estiver.

Críticas, comentários e sugestões serão muito bem-vindos, desde que haja o devido respeito. Estou disponível para esclarecer quaisquer dúvidas que meus posts e/ou minhas traduções possam vir a suscitar.

Para quem desejar debater, conversar e tirar dúvidas, este é o e-mail do blog: averdadesud@hotmail.com.


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Que Realmente Foi Usado na Tradução do Livro de Mórmon

(Texto adaptado do blog Investigações sobre a Igreja Mórmon)


De acordo com a história oficial da igreja, ao receber as placas de ouro de um anjo (cuja tradução seria o que hoje temos como o livro de mórmon),Joseph Smith também recebeu o Urim e Tumim para ajudá-lo na tradução.

Porém, algumas vezes ele ou seus escribas referiam-se também aos “intérpretes” e à “Pedra do Vidente”. Esta última já estava em posse de Smith quando ele ainda caçava tesouros.

Portanto, o que são esses aparatos? O que Joseph usou para traduzir o livro de mórmon?



A PEDRA DO VIDENTE

Alguns americanos do século dezenove utilizavam Pedras do Vidente na tentativa de obter revelações de Deus ou para encontrar tesouros enterrados. Esta não era, de forma alguma, exclusividade de Joseph Smith. [1]

Seguindo esta tendência, Joseph Smith também tinha sua própria "Pedra do Vidente". Há várias versões de como Joseph encontrou sua pedra de vidente, e de quantas eram. Uma delas foi dada pelo próprio pai, Joseph Smith Sr:

Seu filho Joseph estava em um local onde um homem olhava para pedras escuras e dizia às pessoas onde cavar para encontrar tesouros e outras coisas.

Joseph solicitou olhar nessas pedras, colocando seu rosto num chapéu onde elas estavam. Porém, aparentemente estas não eram as pedras certas para ele. Mesmo assim, ele pôde ver coisas, e entre elas, viu uma pedra, onde ela estava, e que com ela, ele poderia ver o que quisesse.[2]

O local onde Joseph vira a pedra não era distante da casa deles; e sob o pretexto de cavar um poço, eles encontraram água e uma pedra, na profundidade entre 6 e 7 metros. [3]

No início da década de 1820, Joseph Smith foi pago para atuar como um "vidente", na tentativa de localizar itens perdidos e encontrar metais preciosos escondidos na terra, sempre usando sua pedra do Vidente. [4]

Na realidade, de acordo com a história oficial da igreja, Joseph Smith possuia ao menos três Pedras do Vidente: uma marrom (fot abaixo), uma branca e opaca, e uma terceira pedra esverdeada, que permanece sob a posse da Primeira Presidência da igreja SUD.


http://mrm.org/files/images/pbs-seer-stone-300.png


Sobre a primeira pedra, Willford Woodruff, um dos profetas da igreja mórmon, escreveu que, em 11 de setembro de1859, em uma reunião do Quórum dos Doze Apóstolos:
"O Presidente Young também falou que a pedra do vidente que Joseph Smith primeiro obteve estava em um caldeirão de ferro, a 7 metros abaixo do solo. Ele a viu olhando em outra pedra de vidente, que uma pessoa tinha. Ele foi diretamente para o local, cavou e a encontrou." (Willford Woodruff's journal, 5:382-83).


Sobre esta mesma pedra, a história oficial da igreja afirma:

"...era de cor achocolatada, uma pedra com formato oval que o profeta encontrou quando cavava um poço em companhia de seu irmão, Hyrum, para o Sr. Clark Chase, próximo à Palmyra, NY. Ela possuia qualidades do Urim e Tumim, pois através dela, assim como através dos intérpretes encontrados com os registros nefitas, Joseph era capaz de traduzir os caracteres gravados sobre as placas [de ouro]". Official History of the Church, Volume 1, Page 128


Porém há especulações sobre a data correta de seu achado – 1819, 1820 ou 1822. [5]
Smith pode ter adquirido sua pedra de coloração verde, quando ainda vivia em Susquehanna County, Pennsylvania.[6] Esta é a que está de posse da igreja, e que ficou no altar durante a dedicação do templo de Manti, Utah (foto abaixo)




Smith afirmava e acreditava que havia uma dessas pedras para todos, em algum lugar:

"'Todo homem que viveu sobre a terra', disse Joseph a eles 'tem o direito a uma pedra do vidente, e deveria ter uma, mas elas são mantidas longe deles em consequência de suas maldades, e a maioria daqueles que a encontram fazem um mau uso dela'." (Brigham Young's journal, como citado em Latter-Day Millennial Star, 26:118,119)

Em relação às outras pedras, que Smith adquiriu com as placas de ouro, o próprio Smith afirma que Moroni:
"Ele disse que havia um livro depositado, escrito sobre placas de ouro, relatando sobre os antigos habitantes deste continente, e a origem deles.


"Ele também disse que a plenitude do evangelho eterno estava contida nele e como fora entregue pelo Salvador aos antigos habitantes. Também, que havia duas pedras em aros de prata (e essas pedras, presas a um peitoral, constituíam o que é chamado Urim e Tumim) depositadas com as placas.

"E a posse e uso dessas pedras era o que constituía os Videntes nos tempos antigos ou modernos, e que Deus as tinha preparado com o propósito de traduzir o livro." (History of Joseph Smith, the Prophet, 2:34-35)

Interessante que Joseph, posteriormente, "profetizou" que todos os que alcançarem o reino celestial, receberão uma pedra do vidente branca (DeC 130:10-11):

10 Então a pedra branca, mencionada em Apocalipse 2:17, tornar-se-á um Urim e Tumim para toda pessoa que receber uma; e por ela tornar-se-ão conhecidas as coisas pertencentes a uma ordem superior de reinos;

11 E é dada uma pedra branca a cada um dos que entram no reino celestial, na qual está escrito um novo nome que ninguém conhece, a não ser aquele que o recebe. O novo nome é a palavra-chave.



O URIM E TUMIM

Alguns mórmons acreditam que o Urim e o Tumim de Joseph Smith e do Livro de Mórmon eram o equivalente funcional do Urim e Tumim mencionado no Antigo Testamento. Porém, não há nenhuma indicação, nas sete citações do Antigo Testamento sobre o Urim e o Tumim, serem usados para traduzir documentos. [7]

Nestas passagens, o Urim e Tumim são apresentados como meios de revelação divina, e são muitas vezes associados aos vestuários dos sumos sacerdotes, em particular o éfode e o peitoral.

A Bíblia não dá maiores descrições sobre a constituição, aparência ou da maneira como eram usados o Urim e Tumim. Parece que não foram usados depois da época de Davi (cerca de 1.000 a.C.). Segundo a Enciclopédia Bíblica de Padrão Internacional (2º ed., pp. 957-59):

a razão básica para seu desuso parece ter sido que Deus estava afastando Seu povo de meios físicos de revelação para uma maior dependência de Sua Palavra conforme escrita ou falada pelos profetas”




OS INTÉRPRETES

Em 1823, Smith afirmou que um anjo disse-lhe sobre a existência de placas de ouro, junto a "duas pedras em aros de prata", presas a um peitoral, que o anjo chamou de Urim e Tumim. O anjo também disse que Deus havia preparado este material para traduzir as placas. [8] A figura abaixo mostra esses aparatos.


De acordo com a mãe de Joseph, Lucy Mack Smith, as pedras presas ao aro eram semelhantes a um cristal: "diamantes com dois lados lisos e com três pontas" [9]

É notável que o termo “Urim e Tumim” não seja encontrado no Livro de Mórmon e nunca foi usado por Joseph Smith com referência para produzir o Livro de Mórmon até depois de 1833.

O que aparece no Livro de Mórmon é o uso de dispositivos chamados "intérpretes" por profetas como o irmão de Jared e Mosiah. Os intérpretes serviam apenas para receber revelações para o povo, e não para tradução. Doutrina e Convênios declara que estes intérpretes eram o Urim e o Tumim (DeC 17).

Alguns mórmons também acreditam que existem três diferentes Urim e Tumim: um do Antigo Testamento e dois mencionados no Livro de Mórmon, um usado pelo Jareditas e o outro pelo rei Mosias (Mosias 8:13, 15-17). Aquele usado por Smith seria o único originalmente possuído pelos Jareditas. [10]

Um amigo íntimo de Smith, W.W. Phelps, especulou que os intérpretes dos antigos nefitas mencionados no Livro de Mórmon e por Joseph Smith poderiam ser o Urim e Tumim do Velho Testamento.

Phelps escreveu na publicação SUD The Evening and Morning Star (Jan. 1833) que o Livro de Mórmon tinha sido traduzido “com a ajuda de um par de Intérpretes ou óculos (conhecidos talvez, nos tempos antigos, como Teraphim, ou Urim e Tumim)...” [11]


As palavras de Phelps “conhecidos talvez, nos tempos antigos, como Teraphim, ou Urim e Tumim” mostram que isso só foi uma mera especulação de sua parte que ligou a pedra de vidente mágica de Joseph com o Urim e Tumim bíblico.

A especulação de Phelps ganhou uma rápida popularidade ao ponto dos escritores mórmons usarem o termo Urim e Tumim para se referirem tanto aos intérpretes místicos (que Joseph Smith disse que estavam com as placas de ouro) quanto à pedra de vidente que Joseph colocava em seu chapéu enquanto ditava o Livro de Mórmon.


Assim, atualmente, é afirmado na história oficial da igreja que Smith usou os "intérpretes", que mais tarde ele designou como "Urim e Tumim", para traduzir o livro de mórmon. Portanto, as lentes em forma de cristais, presas por um aro, eram chamadas de Intérpretes ou de Urim e Tumim!




URIM E TUMIM, INTÉRPRETES E PEDRA DO VIDENTE – O QUE JOSEPH USOU DE FATO PARA TRADUZIR O LIVRO DE MÓRMON?

Essa confusão dos termos é notável mesmo entre as autoridades gerais. Uma citação do décimo Presidente da igreja SUD, Joseph Fielding Smith, nos mostra isso:

Declarou-se que o Urim e Tumim estavam no altar no Templo de Manti quando aquele edifício foi dedicado. O Urim e Tumim tão comentado, porém, era a pedra de vidente que no começo estava na posse do profeta Joseph Smith. Esta pedra de vidente agora está em posse da igreja”.[12]

Esta sobreposição dos termos também é refletida no testemunho de algumas das testemunhas no processo de ditar de Joseph, como a de Oliver Cowdery citada neste artigo. Porém, de acordo com David Whitmer, o texto do Livro de Mórmon inteiro que nós temos hoje veio pela pedra de vidente de Joseph e não pelos intérpretes nefitas.

Em uma entrevista em 1885, Zenas H. Gurley, na época editor da publicação Saint’s Herald, da igreja Restaurada SUD, perguntou a Whitmer se Joseph tinha usado sua “Pedra de Vidente” para fazer a tradução. Whitmer respondeu:

... ele usou uma pedra chamada ‘pedra do vidente’, pois os ‘Intérpretes’ foram tomados dele por causa de transgressão. Os ‘Intérpretes’ foram levados de Joseph depois que ele permitiu que Martin Harris levasse as 116 páginas dos manuscritos do Livro de Mórmon como um castigo, mas foi-lhe permitido continuar e traduzir com o uso da ‘pedra do vidente’ que ele tinha. Ele a colocava em um chapéu no qual ele enterrava seu rosto e falava a mim e a outros que os caracteres originais apareciam no pergaminho, e sob eles a tradução em inglês”.[13]

Estes comentários de David Whitmer ajudam a esclarecer um pouco a confusão sobre o que exatamente Joseph usou para produzir o Livro de Mórmon:

Joseph disse que os intérpretes eram para ajudar no processo de tradução. Porém, depois que Martin Harris perdeu as primeiras 116 páginas da tradução, que Joseph supostamente teria traduzido com o uso dos intérpretes, ou Urim e Tumin, o anjo retirou as placas e os Intérpretes de Smith como castigo.

Mais tarde, o anjo voltaria com as placas, mas disse que ele não receberia os Intérpretes. Em contrapartida, foi permitido que Joseph usasse sua "pedra do vidente", a mesma que ele usava para caçar tesouros, para produzir o Livro de Mórmon. Portanto, TODO o Livro de mórmon, com exceção das 110 páginas, foi “traduzido” com o uso das pedras do vidente e seu chapéu.

Há também a versão de que Joseph Smith teria dito a Orson Pratt que o Senhor lhe deu o Urim e o Tumim quando ele era um tradutor inexperiente, mas que, como ele cresceu na experiência, ele já não precisava dessa assistência [14]

Com o tempo, o próprio Joseph Smith e outros se refeririam à pedra de vidente como “Intérpretes” e “Urim e Tumim”.

Há uma interessante observação de D. Michael Quinn, que afirma que por volta de 1829 Smith estava usando "terminologia bíblica usar instrumentos e prática de magia .... Não havia nenhuma referência ao Urim e o Tumim nos cabeçalhos do Livro de Mandamentos (1833) ou nos cabeçalhos das edições de Doutrina e Convênios que foram preparados durante a vida de Smith."[15]

O QUE A IGREJA ENSINA HOJE

Ainda há uma grande confusão sobre os termos e o uso da Pedra do Vidente não é ensinado nas aulas dominicais.




FEBRE DA PEDRA DO VIDENTE

É interessante que no início da história dos SUDs, as pedras do vidente eram usadas principalmente, mas não exclusivamente por Joseph Smith Jr., para receber revelações de Deus.

Outros mórmons como Hiram Page, David Whitmer e Jacob Whitmer também possuíam pedras do vidente. [16] Um contemporâneo recordou que, em Kirtland, "os élderes mórmons e as mulheres muitas vezes procuravam no leito do rio pedras com buracos causados pela areia, uma pedra do vidente." [17]. James Strang, que alegou ser o sucessor de Joseph Smith, também traduziu antigas placas de metal usando pedras do vidente.

Poucos meses depois da organização da igreja em 1830, Hiram Page, uma das Oito Testemunhas do Livro de Mórmon, começou a dar revelações por sua própria pedra do vidente, de cor preta. A natureza crédula de muitos membros da igreja primitiva é aparente em sua facilidade ao acreditarem em alguém que diz receber revelações através da pedra. Exatamente como aconteceu com Joseph Smith.

Na História da Igreja de Joseph Smith, ele escreve:

Para nossa grande tristeza no entanto, logo descobrimos que Satanás tinha estado à espreita para enganar, e procurando a quem devorar. O iIrmão Hiram Page tinha em seu poder uma certa pedra, pelo qual ele tinha obtido algumas "revelações" sobre a construção do prédio de Sião, a ordem da Igreja, etc, as quais estavam totalmente em desacordo com a ordem da casa de Deus, tal como previsto no Novo Testamento, bem como nas nossas revelações posteriores.

Como uma reunião da conferência tinha sido agendada para o dia 26 de setembro, eu pensei que seria sábio não fazer muito além do que conversar com os irmãos sobre o assunto, até nos reunirmos na conferência. Descobrimos, no entanto, que muitos, especialmente a família Whitmer e Oliver Cowdery, acreditavam muito nas coisas estabelecidas por esta pedra, e achamos melhor consultar o Senhor sobre um assunto tão importante ...” [18]

Joseph Smith, em seguida, teve uma outra "revelação de Deus", colocando Hiram Page em seu devido lugar:

"E também, deverás procurar teu irmão Hiram Page, em particular, e dizer-lhe que as coisas que ele escreveu por meio daquela pedra não procedem de mim; e que Satanás o iludiu; Pois eis que essas coisas não lhe foram designadas e a ninguém desta igreja será designada qualquer coisa contrária aos convênios da igreja". (DeC 28:11-12)

Após Smith anunciar que estas revelações eram do diabo, Page concordou em descartar a pedra que, de acordo com um contemporâneo, foi "esmagada a pó e os escritos queimados." (DeC 28:11).

Emer Harris, um irmão de Martin Harris, disse que a pedra negra de Page foi "Quebrada a pó." [19]. De acordo com Richard Bushman, Smith "reconheceu o perigo das revelações concorrentes. Reconhecendo que cada novo visionário poderia tirar pedaços da Igreja". Após isso, a Igreja afirmou que apenas Joseph Smith poderia "receber e escrever revelações e mandamentos". [20]


Um problema longo e irritante para as autoridades da igreja foi o “menino profeta” James Collins Brewster. Quando ele tinha 11 anos, afirmou ter recebido o "Livro de Moroni" por revelação. Vários membros da sua família e outros irmãos da igreja seguiram-no devido à sua crença nessas revelações. Cinco anos depois, em 1842, Brewster ainda recebia revelações e fazia o mesmo que Smith, em sua adolescência – caça ao tesouro. Entretanto, a igreja chamou-o de embusteiro no seguinte aviso publicado no jornal:

Ultimamente temos visto um panfleto escrito e publicado por James C. Brewster, pretendendo ser um dos livros perdidos de Esdras, e ter sido escrito pelo dom e poder de Deus. Consideramos que este é um embuste perfeito, e não seria notado se não tivesse sido assiduamente divulgado em vários ramos da igreja. Brewster disse que este é um [livro] menor, mas tem professado por vários anos ter o dom de ver através, ou em uma pedra. Acredita-se que ele descobriu dinheiro escondido na terra de Kirtland, Ohio. Seu pai e alguns dos nossos fracos irmãos, que talvez tenham tido alguma crença nas histórias ridículas que são propagados em relação à Joseph Smith, sobre a escavação de dinheiro, ajudaram-no [Brewster] em seus planos tolos, e por isso foram dispensados pela igreja.” [21]

Na Grã-Bretanha, em 1841, o mórmon devoto William Mountford afirmava evocar imagens em seus cristais. O líder da igreja local, Alfred Cordon, fez um registro detalhado das circunstâncias, incluindo as citações de Mountford:

"Este irmão Mountford tinha em sua posse vários Vidros ou Cristais, como ele mesmo dizia: são aproximadamente do tamanho de um ovo de gansa e retos em uma extremidade. Ele também tinha uma longa lista de oradores que ele usou. Os oradores estavam sob certos Espíritos, que ele disse que estavam no ar."

Então, cita Mountford:

"Quando eu oro para eles em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, qualquer coisa que eu quero vem no vidro."

Cordon, em seguida, descreveu como Mountford adivinhava o futuro de uma jovem:

"Ele trouxe os seus Cristais e orou a um certo espírito [---] então ela deveria olhar no Cristal e ela veria o jovem que se tornaria seu marido". [22]

Em dezembro de 1835, o Bispo Edward Partridge estava visitando Kirtland de Missouri, quando ele encontrou a filha de John Thorp. Esta moça tinha sua própria pedra e era conhecida como vidente. Ele descreve as circunstâncias:

"Ela me disse que viu uma pedra de vidente para mim, era uma pequena pedra azul, com um furo no canto, que estava a 6 ou 8 pés no chão". [23]

O colono SUD Priddy Meeks descreveu em seu diário sobre a proliferação de pedras do vidente na cidade Parowan ao sul de Utah. Ele disse que "... mantive as pedras de vidente sob meu controle imediato".

Ele descreveu um filho adotivo que vivia em sua casa com o nome de William Titt:
"... nasceu um vidente natural. Ele foi o melhor em olhar na pedra do vidente que eu já conheci."
Ele ainda expõe em seu diário que Titt:

"Fez um grande negócio para encontrar objetos perdidos e dizer às pessoas como seus camaradas estavam se dando bem, mesmo na Inglaterra." "Ele satisfazia-os, pois ele conseguia ver corretamente, descrevendo as coisas corretamente".
[24]

Christian Anderson, um ex-conselheiro da estaca de Fillmore Ward, conselheiro do bispado de Fillmore Ward ,vereador, juiz de paz, e registrador da cidade de Fillmore, escreveu em 1890 que:

... visitei a irmã Russell de Salt Lake City, que tem uma pedra do vidente, e ela me disse que o futuro estava claro para mim, que o Senhor me ama e que eu ganharia muito poder e influência entre os meus irmãos". [25]

Três anos depois, essa mesma irmã Russell (Sophia Romriell Russell), foi sancionada pelas autoridades eclesiásticas. Olhar o futuro era uma responsabilidade do sacerdócio, assim apenas os homens foram autorizados a fazê-lo. James E. Talmage e o presidente da estaca de Salt Lake, Angus M. Cannon, visitaram-na em fevereiro de 1893. Talmage escreveu que ela:

"... afirma seguir a igreja, e também confirma a sua capacidade e direito de discernir as grandes coisas com as pedras do vidente em sua posse." Cannon "... lembrou-a que ela estava agindo em desafio ao Sacerdócio, pois o Alto Conselho que a havia julgado, proibiu que ela usasse a pedra para tais propósitos ocultos, exceto se ela fosse dirigida pelo Sacerdócio." [26]

Em 1887, um guarda-costas do Presidente da igreja, John Taylor, relatou que ele havia visto e tocado a pedra do vidente:

"No domingo passado eu vi e segurei a pedra do vidente que o Profeta Joseph Smith tinha. Era de uma cor escura e não muito redonda em um lado. Tinha a forma como o topo de um sapato de bebê, um lado como um dedo do pé, e o outro lado redondo "[27]

Aparentemente, a apostasia de alguns crentes nesta época pode ser atribuída a Smith deixar de usar as pedras do vidente. A família Whitmer, devotada à importância das pedras, "disse mais tarde que o seu desencanto com o mormonismo começou quando Joseph Smith parou de usar a sua pedra vidente como um instrumento de revelação." [28]

Porém, parece que Joseph jamais renegou suas pedras mágicas. Nas palavras de Richard Bushman, Smith nunca "repudiou as pedras ou negou o seu poder para encontrar tesouros. Resquícios da cultura mágica ficaram com ele até o fim." [29]

Wilford Woodruff, como novo presidente da igreja em 1888, dedicou o templo de Manti, Utah. Enquanto estava lá, Woodruff manteve a pedra sobre o altar:

"Antes de sair, eu consagro sobre o altar as pedras do vidente que Joseph Smith encontrou por revelação, cerca de 7 metros debaixo da terra e carregou-as ao longo de sua vida."[30]




Conclusão

A maioria dos membros SUD não tem conhecimento sobre os métodos de tradução utilizados por Joseph, o que se explica, em parte, pela omissão da igreja em publicar materiais menos tendenciosos. A igreja não mente sobre o processo de tradução, mas também não revela a seus membros como o LdM foi traduzido, usando em seus manuais e publicações frases e imagens que deixam margem para uma interpretação errônea pela parte de seus membros.

Seguem-se abaixo duas imagens, uma comum em manuais SUD, e depois uma não popular com acuracidade histórica.






Notas:

1 - Ronald W. Walker, "The Persisting Idea of American Treasure Hunting," BYU Studies, 24 (1984): 429-59.
2 - J. P. Walker 1986, 368, n. 3; see III.E.3, PALMYRA REFLECTOR, 1829-1831, under 12 June 1830, 7 July 1830, and 28 February 1831).
3 - WILLARD CHASE STATEMENT, CIRCA 11 DEC 1833, 240-41; III.F.10, MARTIN HARRIS INTERVIEW WITH JOEL TIFFANY, 1859, 163; see also Quinn 1987, 41, n. 7.
4 - Martin Harris interview with Joel Tiffany, 1859, in EMD, 2: 303.

5 - Harris 1859, p.163. A pedra foi encontrada em 1819 (Tucker 1867, pp.19–20, Bennett 1893), 1820 (Lapham 1870, pp.305–306) ou 1822 (Chase 1833, p.240).
6 - (D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1998), 43-44.
7 - Exodus 28:30 ; Leviticus 8:8; Numbers 27:21; Deuteronomy 33:8; 1Samuel 28:6; Ezra 2:63; Nehemiah 7:65
8 - Joseph Smith-History
9 - Smith, Lucy Mack (1853). "Biographical sketches of Joseph Smith the prophet, and his progenitors for many generations." Brigham Young University Religious Education Archive. pp. 101.
10 - DeC 10:1; Veja também Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine(Salt Lake City: Bookcraft, 1966), 818-819.
11. W.W. Phelps, Evening and Morning Star, vol. 1, no. 8, (Independence, Missouri, January 1833) p. 2., de uma reimpressão fotomecânica do original.
12. Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, 3 vols. (Salt Lake City: Bookcraft, 1956), 3:225. J.F. Smith tenta minimizar a idéia de que Joseph Smith de fato usou a pedra do vidente para produzir o Livro de Mórmon. Porém, ele não identifica as fontes nem oferece uma opção alternativo, mas ao invés afirma que toda essa informação seria apenas “boato”.
13. "Questions asked of David Whitmer at his home in Richmond Ray County, Mo. Jan. 14-1885 relating to book of Mormon, and the history of the Church of Jesus Christ of LDS by Elder Z.H. Gurley," hológrafo nos arquivos da igreja SUD, citado por Richard S. Van Wagoner in "Joseph Smith: The Gift of Seeing," Dialogue: A Journal of Mormon Thought, 15:2 (verão 1982), p. 54.
14 - "Two Days´ Meeting at Brigham City," Millennial Star 36 [1874]:498–99).
15 - D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1998), 175)
16 - Jessee, Papers of Joseph Smith, 1: 322-23; D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature, 1998), 239-40, 247-48
17 - Citado em D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1998), 248.
18 - History of the Church, vol. 1, p. 109-110
19 - Citado em D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1998), 248
20 - Bushman, Joseph Smith: Rough Rolling Stone, 120-21.
21 - Times and Seasons, vol.4, no.2, p.32
22 - Alfred Cordon diary, 151-152 (27 Mar 1841) LDS Archives
23 - The Journal of Bishop Edward Partridge, 1818, 1835-1836,transcribed by Lyman De Platt, a great-great-great grandson, 34 (27 Dec, 1835), LDS Archives
24 - Diário de Priddy Meeks, 200
23 - The Personal Journal of Christian Anderson, Book IV,56. Book V, 20, copy in LDS Church Library
26- James E. Talmage 1892-93 diary, 182) .
27 - Samuel Bateman diary, 17 Aug, 1887, Lee library
28 - Quinn, 248; Dennis A. Wright, "The Hiram Page Stone: A Lesson IN Church Government, in Leon R. Hartshorn, Dennis A. Wright, and Craig J. Ostler,ed., The Doctrine and Covenants: A Book of Answers, The 25th Annual Sidney B. Sperry Symposium (Salt Lake City: Deseret, 1996), 87.
29 - Bushman, 51
30 - Wilford Woodruff's journal, 18 May, 1888

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