Um dos meus Hinos favoritos é o de número 171, cujo nome é “A Verdade O Que É?”. Na letra de sua música lê-se o seguinte:

A verdade o que é? É o supremo dom que é dado ao mortal desejar, procurai no abismo na treva e na luz, nas montanhas e vales o seu claro som, e grandeza ireis contemplar!

A verdade o que é? É o começo e fim, para ela limites não há, pois que tudo se acabe, a terra e o céu, sempre resta a verdade que é luz para mim, dom supremo da vida será!”

Faço um convite a todos que desejarem ler e participar deste blog: busquemos a verdade, onde quer que ela estiver.

Críticas, comentários e sugestões serão muito bem-vindos, desde que haja o devido respeito. Estou disponível para esclarecer quaisquer dúvidas que meus posts e/ou minhas traduções possam vir a suscitar.

Para quem desejar debater, conversar e tirar dúvidas, este é o e-mail do blog: averdadesud@hotmail.com.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Caverna de Platão e a Busca Pela Verdade



Sempre procuro escrever algo que seja construtivo e útil para as pessoas que estão questionando o mormonismo, buscando a verdade. Pensando nisso, me lembrei da famosa alegoria de Platão. 

Procurei lê-la novamente e compará-la com a nossa busca pela verdade, nossa jornada para descobrir a realidade do mormonismo.

Utilizarei nesse post o texto de Marilena Chaui sobre o Mito da Caverna, contida no seu livro "Convite à Filosofia".


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"Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. 

"Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas para a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do Sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas sombras dos outros e de si mesmos, porque estão no escuro e imobilizados.


A caverna de Platão, gravura da Escola Francesa do séc. XVI



"Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna.

"Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede do fundo da caverna, como num teatro de fantoches.

"Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que são transportadas nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.

"Os prisioneiros se comunicam, dando nome às coisas que julgam ver (sem vê-las realmente, pois estão na obscuridade) e imaginam que o que escutam, e que não sabem que são sons vindos de fora, são vozes das próprias sombras e não dos homens cujas imagens estão projetadas na parede; também imaginam que os sons produzidos pelos artefatos que esses homens carregam nos ombros são vozes de seres reais.

"Qual é, pois, a situação dessas pessoas aprisionadas? Tomam sombras por realidade. Essa confusão, porém, não tem como causa a natureza dos prisioneiros e sim as condições adversas em que se encontram. Que aconteceria se fossem libertados dessa condição de miséria?

"Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna.



"No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu copo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia dentro da caverna.

"Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento porque seus olhos conseguem ver pela primeira vez as coisas iluminadas.

"Seu primeiro impulso é o de retornar a caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão que lhe parece mais acolhedora. Além disso, precisa aprender a ver e esse aprendizado é doloroso, fazendo-o desejar a caverna onde tudo lhe é familiar e conhecido.

"Sentindo-se sem disposição para regressar à caverna por causa da rudeza do caminho, o prisioneiro permanece no exterior. Aos poucos, habitua-se à luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as suas forças para jamais regressas a ela.



"No entanto, não pode evitar lastimar a sorte dos outros prisioneiros, e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais e convencê-los a se libertarem também.

"Que lhe acontece nesse retorno? Os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Mas, quem sabe, alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo à realidade? "


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O que é a caverna? O mundo de aparências e mitos em que vivíamos. 

O que são as sombras projetadas ao fundo? As coisas que percebemos e fomos levados a acreditar como verdadeiras. 

Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença, nossa fé cega, nosso "testemunho". 

Quem é o prisioneiro que sai e se liberta da caverna? A pessoa que descobre a verdade sobre o mormonismo.

O que é a luz do Sol? A luz da verdade.

O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade.

Qual o instrumento que nos liberta e com o qual nós desejamos libertar os outros prisioneiros? O conhecimento.

É incrível a aplicabilidade dessa alegoria,  consigo me ver cada vez que leio o relato que a autora nos faz do sujeito que se liberta da caverna. A luz pode nos incomodar, nos fazer sofrer de início, mas ela nos faz bem, ela nos permite ver as coisas como elas são, e finalmente nos liberta. Meu desejo é que todos nós possamos deixar a caverna, mesmo que isso possa ser doloroso.